terça-feira, 30 de agosto de 2016

I SEMABIO

Iniciada a primeira Semana Acadêmica de Biologia

Publicação: Agosto, 29
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A Universidade Alto Vale do Rio do Peixe, através do Curso de Ciências Biológicas, realizou nesta segunda-feira (29) a abertura da I Semana Acadêmica de Biologia. O evento prossegue até dia 03 de setembro, Dia do Biólogo, uma homenagem ao dia da regulamentação da profissão de biólogo, pela Lei número 6.684 de 03 de setembro de 1979.
A I Semana Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, visa, não apenas o debate sobre temas atuais de importância para a educação superior, mas também o desenvolvimento de ações que favoreçam a aproximação e a manutenção de contatos permanentes com o outro.
A solenidade de abertura contou com a presença do professor mestre Paulo César de Campos, vice-reitor de Administração e Acadêmico da UNIARP e da professora mestre Marithsa Maiara Marchetti, coordenadora do curso de Ciências Biológicas da UNIARP.
A apresentação cultural da noite foi realizada pelo acadêmico do curso de Engenharia de Controle e Automação, Matheus Marianinho Alves.
A conferência foi ministrada pelo professor Dr. José Claro da Fonseca Neto com o tema: Organização de saídas de campo. O Dr. José atua como pesquisador colaborador do Centro do Estudos do Mar/UFPR e trabalha com os seguintes temas: ecoturismo, interpretação ambiental, unidade de conservação e educação ambiental.
Programação
Nesta terça-feira (30) o evento contará com o minicurso prático da saída de Campo com o Prof. Dr. José Claro da Fonseca Neto (UFPR) e também a Palestra: “Tuco-tucos: evolução em tempo real e desafios para a conservação”, com o Prof. Dr. Rodrigo Fornel (URI de Erechim).
Na quarta-feira (31), será realizado o minicurso de Bonsai com o Prof. Fabricio Castro, no Laboratório de Fitopatologia. Na quinta-feira (01), a partir das 8 horas será realizado no Laboratório de Química, o minicurso de Taxidermia, com o Profº Jaison Soares (UNIARP). À noite no Auditório da Reitoria, acontece uma Roda de Conversa, sobre Pesquisa e áreas de atuação com os professores do Curso de Ciências Biológicas: Profª Marithsa Maiara Marchetti, Cassio Geremia Freire, Andrea Marafon, Debora Ceretta Jung, André Trevisan, Halandey Camilo de Borba Tesser e Marcio Kreush.
Dia 02 de setembro será realizado o minicurso de Ilustração Científica, com o Prof. Leandro Vitto, no Laboratório de Desenho e também o curso: “Observação de aves: avistamento, identificação e conhecimentos gerais” com o profº Dr. Iury de Almeida Accordi no Auditório da Reitoria.

Parabéns pelo Dia do Biólogo
Hoje é o dia de quem estuda a vida (mesmo quando representa a morte).
Hoje é o dia de quem vê a beleza em um animal, em um osso, em uma samambaia, no meio ambiente, na molécula de DNA, na superfície de uma célula, na proteína recém-descoberta, nas espécies há tempos extintas, no mundo, na VIDA!
Hoje é o dia daqueles que estudam e lutam pela vida.
Daqueles que, muitas vezes tão escanteados, insistem em fazer o que mais gostam e com muito amor.
Parabéns, amigo biólogo, por sua força e sua vontade.
Parabéns por sua vida e pela diferença que vem causar no mundo.
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Fonte: UNIARP

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

#Profissão Biólogo: Razões para ser Biólogo (a)

10 Razões para ser biólogo

Imagine uma profissão que pode te levar para aventuras em todos os cantos selvagens do planeta. Pois a biologia proporciona isso, e muito mais, para os cientistas que a ela se dedicam.
Vamos então listar alguns motivos para você reforçar a ideia de ser biólogo. É a profissão mais fantástica do mundo!

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  Taxidermia de um pavão (Pavo cristatus)

#1. Conhecimento. Compreender alguns dos fundamentos da vida e do universo, questões que mais intrigam a humanidade.

#2. Dinamismo. Ser biólogo é não ficar preso atrás de uma mesa de escritório todos os dias úteis da semana. A rotina de um biólogo pode incluir uma série de atividades, tais como trabalhos em laboratórios, universidades, trabalhos de campo, conferências e muito mais.

Aula prática de microbiologia com as acadêmicas de Ciências Biológicas - UNIARP

#3. Viagens. Um biólogo atualizado normalmente está sempre viajando para conferências por todo o mundo. E o que é melhor, em geral é pago para isso.  

#4. Contato com a vida selvagem. Entre os grandes privilégios da profissão está o estreito contato com a natureza. Muitos biólogos estão sempre indo para florestas, oceanos, montanhas, entre outros lugares remotos. 
 
Viagem dos acadêmicos de Ciências Biológicas (UNIARP) para a Ilha do Mel - PR 

#5. Salvando vidas. Biólogos lutam não só por animais e vegetais. Muitos profissionais estão envolvidos na área biomédica, ou seja, seu trabalho é importante para evitar mortes de humanos por diversas causas.

#6. Aventuras. Muitas viagens de campo podem incluir a prática de rapel, montanhismo, mergulhos e outros esportes radicais. E biólogos forenses ajudam até a solucionar crimes!

#7. Privilégio. Não ter que usar um terno e gravata para trabalhar todos os dias (não é maravilhoso?)

#8. Variedade. Não gosta de genética? Não tem problema, biólogos podem escolher entre uma variedade enorme de ciências, como botânica, meio ambiente, biologia marinha, paleontologia, zoologia e muitos, muitos outros campos.

#9. Relevância. Biólogos fazem um trabalho de suma importância porque pesquisam o bem mais precioso e complexo do planeta, a vida.

Saídas de campo - Grupo de Estudos em Limnologia

#10. Eco-ativismo. Muitas áreas das ciências biológicas estão ligadas à causa ambiental. Seja você um botânico, zoólogo, ecologista ou taxonomista, você está contribuindo para preservar informações vitais para a conservação das espécies e do meio ambiente.


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

#Profissão Biólogo - áreas de atuação: Bioespeleologia

Bioespeleologia 

  

Biologia subterrânea é o ramo da biologia responsável pelo estudo dos organismos que têm nesse ambiente seu habitat. O termo mais utilizado é BIOESPELEOLOGIA, do grego bio + spélaion + logos (vida + caverna + estudo) caracterizado pela biocenose, ou seja, conjunto de organismos em interação em um determinado local e espaço de tempo.

Exemplo de troglóbio, pseudoescorpiao(Titanobochica magna); 

Os parâmetros ambientais de maior relevância para o estudo de organismos vivos no ambiente subterrâneo são:
  • Luminosidade, que está totalmente ausente nas zonas mais profundas.
  • Temperatura: pequena variação diária.
  • Umidade relativa do ar: sempre maior do que a média externa.
  • E o aporte de nutrientes, que normalmente é importado do meio epígeo.

Organismos fotossintetizantes geralmente são à base das teias alimentares, porém na ausência de luz, as bactérias quimiossintetizantes, pelo fato de serem capazes de gerar energia, agem como tal. Entretanto, sua produção líquida é muito menor não sendo capazes de suprir a carência energética total do local. Com isso, as principais fontes de alimento proveem do meio externo da caverna caracterizando-se em nutrientes carreados pelas águas; microrganismos carregados pelos ares; raízes profundas e matéria orgânica proveniente de animais comumente encontrados nas cavernas, mas que transitam no meio epígeo, como as fezes de morcego (guano) que serve de alimentos para pequenos animais e microrganismos.
Os habitats subterrâneos são determinados pela distância que estes se encontram do meio epígeo, havendo zoneamento diretamente relacionado ao gradiente térmico e a intensidade de luz verificada em cada região. Estas zonas condicionam ao longo do desenvolvimento da cavidade uma flora e uma fauna bastante diferenciadas, sendo distintas três zonas:
  • Zona eufótica ou entrada: região de contato entre os meio epígeo e hipógeo, com incidência direta de luz e amplitude térmica equivalente ao meio epígeo, geralmente com elevada diversidade biológica.
  • Zona disfótica ou de penumbra: incidência indireta de luz e flutuação térmica menor do que a zona de entrada, ainda apresenta alguns organismos fotossintetizantes.
  • Zona afótica ou escura: com total ausência de luz, normalmente com temperatura constante e umidade relativa próxima a saturação.

Os animais que habitam as cavernas apresentam diferentes graus de especializações a este ambiente. São considerados cavernícolas os organismos que passam pelo menos uma parte do seu ciclo de vida no ambiente subterrâneo, apresentando uma relação ecológica direta com esse meio. E segundo Holsinger e Culver (1998) são divididos em três categorias:
  • Trogloxenos: Animais não exclusivos de caverna, que não conseguem desenvolver todo o seu ciclo de vida no meio cavernícola e que buscam, neste ambiente, abrigo contra os rigores climáticos, proteção contra predadores e local para reprodução. São exemplos morcegos, aves e sapos.
  • Troglófilos: animais cavernícolas facultativos, não exclusivos do meio cavernícola, mas que podem desenvolver todo seu ciclo de vida nas cavernas. São ecologicamente adaptados ao meio de vida subterrâneo podendo ou não sofrer alterações fisiológicas, comportamentais ou  morfológicas. São exemplos as aranhas, opiliões, diplopodas e diversos insetos.
  • Troglóbios: espécies restritas ao meio subterrâneo devido às especializações adquiridas ao longo da evolução, geralmente em isolamento geográfico nesse ambiente. As especializações podem ser  fisiológicas, comportamentais e principalmente morfológicas, conhecidas como troglomorfismos. As mais conhecidas e evidentes na grande maioria dos troglóbios são redução ou perda total dos olhos, redução ou perda total da pigmentação, órgãos sensoriais maiores, dieta generalista e metabolismo baixo.



terça-feira, 9 de agosto de 2016

#Profissão Biólogo - áreas de atuação: Auditoria Ambiental

AUDITORIA AMBIENTAL


"A auditoria ambiental é o retrato do desempenho ambiental da empresa"

CONSELHO FEDERAL DE BIOLOGIA - CFBio, Autarquia Federal, com personalidade jurídica de direito público, no uso de suas atribuições legais e regimentais, considerando a necessidade de atuação na gestão ambiental, atribui através da RESOLUÇÃO Nº 374, DE 12 DE JUNHO DE 2015 a atuação do Biólogo na Gestão Ambiental de atividades e empreendimentos públicos e privados que atuem no planejamento, gerenciamento, análise e auditorias ambientais e outras atividades relativas ao setor.
A valorização cada vez maior de organizações que adotam um modelo de gestão sustentável tem levado as empresas a um ajuste de suas atividades, no intuito de atender as legislações ambientais e diminuir seu impacto sobre a natureza. Desta forma, elas têm a possibilidade de fazer uso do “marketing verde”, exaltando as características ecologicamente corretas de suas marcas e produtos.
A auditoria ambiental serve exatamente para certificar se as empresas realmente estão cumprindo as leis e se as características divulgadas pelo marketing verde não ficam somente no discurso.
A auditoria ambiental é considerada uma das ferramentas da gestão ambiental de mais destaque. A competição internacional e o processo acelerado de fusões e aquisições de empresas passou a requerer verificações rigorosas, para que passivos ambientais existentes pudessem ser avaliados e seu valor levado em consideração nos negócios, criando assim a necessidade de auditorias ambientais. Além de necessitarem de grandes custos para sua remediação, passivos e danos ambientais podem ferir a imagem de uma empresa, o que levou as organizações a estabelecerem processos sistemáticos de verificação dos cuidados com o meio ambiente, como a auditoria ambiental, em suas matrizes e filiais.
 A Norma NBR ISO 14.010 define Auditoria Ambiental como o "processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos, sistemas de gestão e condições ambientais específicos ou as informações relacionadas a estes estão em conformidade com os critérios de auditoria e para comunicar os resultados deste processo ao cliente".
 Resumindo e simplificando o conceito acima temos que a Auditoria Ambiental é “um processo sistemático e formal de verificação, por uma parte auditora, se a conduta ambiental e/ou desempenho ambiental de uma entidade auditada atendem a um conjunto de critérios especificados.” (Philippi Jr. & Aguiar, 2004)
 A auditoria ambiental é o retrato do desempenho ambiental da empresa em um determinado momento, ou seja, verifica se até aquele ponto a empresa está atendendo os padrões ambientais estabelecidos pela legislação ambiental vigente. Ou seja, a auditoria ambiental visa principalmente verificar o sistema de gestão ambiental de uma organização.
As auditorias podem ser realizadas em órgãos fiscalizadores, entidades de controle externo e empresas privadas, dependendo do seu objetivoAuditoria de órgãos fiscalizadores tem como finalidade a fiscalização das atividades com relação ao atendimento da legislação ambiental, concessão de licenças, quantificação e qualificação de danos, apuração de denúncias, entre outros.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

#Profissão Biólogo - áreas de atuação: Aquicultura

Aquicultura - Área Meio Ambiente e Biodiversidade

A aquicultura (produção de organismos aquáticos) é uma alternativa para incrementar os índices de consumo de proteínas de origem animal e um importante fator de desenvolvimento econômico, social e ambiental para comunidades e regiões. O Brasil possui cerca de 12% da água doce disponível no planeta, 5 milhões de hectares de águas represadas em lagos e reservatórios e um litoral que se estende com mais de 8.000 km, portanto, é um dos poucos países em condições de produzir a crescente demanda mundial por pescados.
Contudo, o mercado demanda profissionais habilitados em conhecimentos específicos do agronegócio aquícola e capaz de gerir a produção de pescados nos mais diversos cenários (lagos, reservatórios, litoral, sistemas de recirculação, viveiros de terra, etc..) com nível de conhecimento específico sobre a composição dos diversos fatores essenciais que proporcione ao profissional visão para o correto planejamento, gestão e atuação na atividade.


A aquicultura é uma das atividades que mais tem crescido no mundo nos últimos anos. Desempenha um papel econômico e social de grande importância, através da produção de alimento e geração de emprego, renda, e promoção da igualdade social. Por outro lado, a pesca extrativista tem se apresentado estabilizada, por ter atingido, talvez, seu limite máximo sustentável, tornando a produção de alimento proveniente da Aquicultura cada vez mais significativa. Há previsões de que mais 40 milhões de toneladas de alimento de origem aquática sejam necessários nos próximos 20 anos para manter o atual consumo per capita. Neste contexto, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) prevê como uma das principais tendências globais para os próximos anos um crescimento ainda mais expressivo da Aquicultura, tanto no que se refere à disseminação e consolidação desta atividade, quanto à diversificação das espécies cultivadas.
O Brasil possui um extenso litoral e um grande volume de águas interiores, o que lhe confere um enorme potencial para o desenvolvimento da atividade aquícola. Em particular, esta atividade assume importância ímpar na costa sul-sudeste brasileira como uma fonte alternativa de rendimento e de criação de postos de trabalho de grande potencialidade, face às condições particularmente favoráveis desta região. Tais potencialidades de desenvolvimento justificam plenamente a prioridade que lhe é dirigida em termos de formação de profissionais para atuarem nesta área.
O profissional que opta por essa área atua na produção de peixes e de outros animais aquáticos, desde a produção de alevinos, engorda, processamento até a comercialização e distribuição dos produtos para o mercado consumidor. Piscicultura, ranicultura, ostreicultura, mitilicultura, carcinicultura e cultivo de peixes ornamentais são algumas das possibilidades de atuação desse profissional, aplicando conhecimentos de tecnologia para gerenciar e explorar, de forma sustentável, o potencial das unidades de criação em tanques, açudes e lagoas o que demonstra que as possibilidades de atuação deste profissional são muito variadas. Usa ferramentas conceituais, metodológicas, técnicas e cientificas da área de Aquicultura para projetar, planificar e avaliar metodologias e técnicas aplicáveis ao cultivo de organismos aquáticos, visando a produção eficiente de alimentos e derivados de origem aquática, a serviço do desenvolvimento regional integrado.

terça-feira, 19 de julho de 2016

A força dos temperos

Composto vegetal presente na salsa, no tomilho e na pimenta-malagueta estimula a produção de neurônios por parte das células-tronco humanas, aponta pesquisa brasileira. O tratamento com a substância também melhoraria a qualidade de conexões cerebrais.
Para reverter a perda de neurônios e de sinapses – transmissões de pulsos nervosos de uma célula para outra – decorrentes de doenças degenerativas e psiquiátricas, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade Federal da Bahia e do Instituto D’Or estão apostando em um composto vegetal chamado apigenina. Presente em alimentos como salsa, tomilho, pimenta-malagueta e camomila, a substância mostrou benefícios semelhantes aos do estrogênio, mas sem o seu potencial cancerígeno.
A apigenina pertence ao grupo dos flavonoides, compostos fenólicos presentes em plantas e algas cujo consumo apresenta benefícios diversos. “Flavonoides vêm sendo usados por séculos para promover a saúde cardiovascular e também para prevenir câncer. Na medicina chinesa, por exemplo, o consumo de chá e a ingestão pela alimentação eram usados para prevenção de doenças”, nota a veterinária Cleide Souza, do Departamento de Ciências Biomédicas da UFRJ. Motivada pelo histórico da utilização dos flavonoides para promoção da saúde, a cientista testou o efeito da apigenina em células-tronco.

Em 2010, Souza constatou o efeito do flavonoide agathisflavona – um biflavonoide formado pela união de duas moléculas de apigenina – na potencialização da produção de neurônios em culturas de células de camundongos. Agora, demonstrou que a apigenina foi capaz de induzir a diferenciação neural de células-tronco pluripotentes humanas, mais especificamente as células-tronco embrionárias e de pluripotência induzida (iPS), capazes de se diferenciar em qualquer tipo de célula do organismo. “Este trabalho foi diferente do que vimos com a agathisflavona nas células de camundongo. Mostramos que a apigenina por si só foi capaz de induzir a diferenciação neural nestas células”, detalha a pesquisadora.
No experimento, as células tratadas com apigenina se transformaram especificamente em neurônios, o que não aconteceria sem a presença da substância. Além disso, foi observado que neurônios já diferenciados a partir de células-tronco embrionárias também se beneficiaram com a apigenina, uma vez que o tratamento desses neurônios com apigenina resultou no aumento do número de sinapses, quando comparadas aos neurônios não tratados. Os resultados foram publicados em dezembro de 2015 na revista Advances in Regenerative Biology.

Substância promissora
O hormônio feminino estrogênio tem sido reconhecido por estimular o desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso, sendo também responsável pelo desenvolvimento e funcionamento das sinapses. Mas, embora seja um bom candidato para reverter a perda de neurônios e sinapses em doenças como Parkinson, Alzheimer, esquizofrenia e depressão, o uso do estrogênio  é limitado por aumentar o risco de tumores. “Alguns tipos de câncer são dependentes de estrogênios, ou seja, uma terapia à base de estrogênio pode aumentar o risco de seu aparecimento”, explica Souza. Já a apigenina é uma molécula semelhante ao estrogênio em termos de função, pois é capaz de se ligar a receptores de estrogênio, mas não induz a formação de tumores – pelo contrário, estudos com células tumorais derivadas de cânceres de mama, pulmão e sistema nervoso indicam que tem ação anticancerígena.

Até agora, os testes com apigenina foram realizados apenas in vitro, isto é, em culturas de células em laboratório. Por isso, ainda não foram identificados possíveis efeitos colaterais do tratamento com essa substância. Porém, antes de a apigenina se provar segura para um futuro uso farmacológico, é preciso realizar estudos in vivo e medir os possíveis riscos. O caminho é animador: “Estudos realizados por outros grupos em animais já demonstraram que o uso de apigenina via oral não apresentou nenhum efeito deletério”, conta Souza. 
Para o biólogo molecular Oswaldo Keith Okamoto, da Universidade de São Paulo, a pesquisa é promissora, pois sugere um novo caminho no tratamento de doenças neurodegenerativas e lesões no sistema nervoso, como acidentes vasculares cerebrais e lesões de medula. “O trabalho também sugere que a apigenina tem o potencial de melhorar a formação de sinapses neuronais, o que teria implicações em certas desordens psiquiátricas, como esquizofrenia, ansiedade e depressão”, comenta.


segunda-feira, 4 de julho de 2016

Embriões de fronteira
Experimento levado ao limite da lei pode explicar falha na gravidez e defeitos de nascimento.

Pesquisadores desenvolveram um embrião humano até o 13º dia, um a menos do que o tempo permitido pela lei de vários países – inclusive as dos Estados Unidos e do Reino Unido, onde os experimentos foram feitos. Ao resvalar esse limite, chegaram a evidências que poderão ajudar a entender o aborto espontâneo e defeitos de nascimento. E se defrontaram também com mistérios.
Ao conseguir fazer que embriões se desenvolvam tanto tempo assim, a equipe de Ali Brivanlou, da Universidade Rockefeller (EUA), e Magdalena Zernicka-Goetz, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), encontrou um grupo de células que apareceu no 10º dia e desapareceu 48 horas depois.
A equipe desconfia que seja um órgão transiente eliminado ao longo da evolução – mais ou menos como nossa ‘cauda ancestral’. Naquela etapa do desenvolvimento, esse ‘órgão fantasma’ responderia, segundo os pesquisadores, por cerca de 5% a 10% das células do embrião. A natureza dessa estrutura permanece misteriosa – e, quase certamente, será tema de estudos posteriores.
Além disso, o estudo ‘quase em tempo real’ da entrada em ação (ou, tecnicamente, expressão) dos genes revelou que há grandes diferenças entre nosso desenvolvimento embrionário e o de roedores – estes últimos muito usados em pesquisa médica para entender doenças humanas.

Recorde anterior
O recorde anterior era de nove dias. O que já deve ser considerado um feito e tanto, pois, depois do 7º dia, quando o embrião se implanta na parede do útero, ele passa a necessitar das condições do ambiente uterino, o que é muito difícil de reproduzir em laboratório – até porque detalhes desse ambiente ainda são desconhecidos.
Pode parecer que quatro dias a mais é pouco se comparados aos nove meses de gravidez. No entanto, quando se trata de evolu­ção embrionária humana, cada hora conta.
Por que 14 dias? Cerca de uma dúzia de países no mundo adotam esse limite, ou por lei, ou como diretriz, porque é o momento em que as células embrionárias começam a formar camadas para dar origem aos órgãos. Mais: segundo cientistas, esse é o momento no qual embriões se dividem para gerar gêmeos. E, do ponto de vista ético, defendem especialistas em bioética, começa aí a criação de indivíduos.
O diferencial da equipe de pesquisadores é ter criado o ‘berço’ no qual os embriões puderam crescer por tanto tempo: um gel enriquecido com oxigênio, desenvolvido pela equipe de Zernicka-Goetz. A técnica em si parece ser tão importante quanto as descobertas feitas com ela. E, tudo indica, simularia o ambiente uterino para permitir o desenvolvimento dos embriões para além de duas semanas – os pesquisadores interromperam os experimen­tos no 13º dia.
Em geral, embriões são desenvolvidos ao longo de poucos dias em laboratório com o auxílio de células maternas. Mas, depois de duas semanas, é preciso um coquetel (ainda desconhecido) de hormônios e um ambiente tridimensional – ou seja, diferente daquele ‘plano’ das placas usadas para cultura de células em laboratório.
Até esse momento, a ciência sabe muito mais sobre a evolução embrionária de outros animais do que a de humanos. Portanto, estudar etapas avançadas do desenvolvimento embrionário humano é crucial para entender defeitos genéticos, doenças, formação de órgãos etc.
Cerca da metade dos embriões implantados no útero humano não vinga. É uma taxa relativamente alta, e o motivo para tal é desconhecido por especialistas em fertilização artificial. A técnica e os resultados já estão sendo usados para entender a viabilidade de embriões criados por fertilização in vitro.
Os resultados das duas equipes – os quais estão em Nature (12/05/16) e Nature Cell Biology (04/05/16 on-line) – reforçam uma dedução quase óbvia: modelos animais não são idênticos aos humanos. Por exemplo, as células que dão origem ao feto e ao saco vitelino (ou vesícula vitelina) se diferenciam mais tarde em humanos. Na explicação quase tautológica de Zernicka­Goetz para a revista Science (06/05/16), “temos que estudar embriões humanos para entender os embriões humanos”.

Perguntas de fronteira
Um desdobramento importante desses resultados é que eles devem ajudar pesquisadores que tentam obter, em laboratório, estruturas que se assemelham a embriões humanos, mas formadas por células­ tronco, ou seja, aquelas que, em tese, podem se transformar em qualquer tecido do organismo. Essas estruturas poderiam ser usadas para estudar defeitos em fetos e doenças, entre tantos outros temas, sem as questões éticas que envolvem o crescimento de embriões humanos.
Note o verbo no condicional do último trecho acima: ‘poderiam’.
A ‘lei (ou diretriz)’ do 14º dia surgiu em 1979. Foi um instrumento de política científica para permitir a pesquisa com embriões humanos. Portanto, fez esse tema prosperar. Mas, com os avanços recentes, surgem perguntas: caso essas estruturas com células-tronco sejam produzidas em laboratório, continuaria a valer o limite de duas semanas? Que problemas éticos – se é que eles existiriam – poderiam impedir esse procedimento? A lei deveria se adaptar ao avanço da ciência?
Isso só reforça a importância e qualidade dos resultados de Brivanlou e Zernicka­ Goetz: eles avançam não só as fronteiras da ciência, mas também as da bioética.

Fonte: Cássio Leite Vieira (Ciência Hoje | RJ_